segunda-feira, 30 de abril de 2007

Declaração de ignorância

Antes de prosseguir, preciso registrar que tenho consciência de que minha visão do mundo ainda é muito simplista. Tenho consciência de que o mundo não é simples, as pessoas não são simples, a História é intrincada e que ainda não vi o suficiente para formar uma boa opinião.

Mas eu precisava partir de algum ponto. O que fiz, então, foi reduzir o mundo a uma tribo. Na tribo é clara a relação de interdependência entre seus membros. Nela cada um deve dedicar-se a uma função e contribuir para o seu progresso e bem-estar. Alguns devem prover os alimentos, outros o conforto e a segurança, e outros ainda, o entretenimento.

Partindo desse conceito quase infantil consigo me guiar com mais segurança na complexidade do mundo atual. Apenas para citar um exemplo, a partir dele consigo explicar o que muita gente parece já ter se esquecido: por que não devo tirar vantagem de outrem?

Acredito que, como somos todos interdependentes, numa cadeia maior ou menor de eventos, tudo o que um indivíduo fizer na comunidade refletirá de alguma forma nele mesmo.

Ok, é simplista demais, eu sei. Seria isso válido numa tribo com 6 bilhões de membros? Por que não tirar vantagem de alguém se pudesse passar despercebido? A tal cadeia de eventos não poderia ser tão longa que já se teria morrido antes de algo ruim retornar?

Por enquanto, só posso responder por mim... E eu optei pelo comportamento sustentável.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Quanto custa ter valores?

"Confesso que, quando tenho que condenar princípios, cedo demais perco a noção de como se apresentam em um indivíduo particular -- neste caso, em você -- e de que estou apto a considerá-los com excessiva seriedade porque vejo neles seu sentido e suas conseqüências universais, nos quais você não pensa -- e que, na realidade, para você não estão de forma alguma neles."

O trecho acima é de uma carta de Hegel a Marie von Tucher. Ele, um filósofo solteirão de 40 anos, se apaixonara por Marie (18) e tentava se retratar de sua inabilidade no trato com ela durante os encontros que mantinham.

Há alguns dias fui repreendido por meu irmão por ter opiniões sérias demais a respeito de determinados temas. No caso, eu defendia que manifestações de racismo, mesmo disfarçadas como brincadeiras, eram simplesmente inaceitáveis e que não podíamos nos omitir diante dessas demonstrações de ignorância, pois a omissão seria equivalente à aprovação. Ele disse que minha postura rígida encurtaria minhas possibilidades de relacionamento social.

Eu não quero ficar como Hegel. Mas meus valores me definem, são minha identidade. Quando me posiciono contra um comportamento que julgo inaceitável, acredito estar contribuindo para uma sociedade melhor. Assim, sigo procurando e selecionando relacionamentos que estejam alinhados com os meus valores.

sábado, 21 de abril de 2007

Risco e recompensa

Comecei este blog para tentar organizar e refinar minha visão do mundo mas, como se percebe, até agora não saí do próprio umbigo. Paciência.

Sou avesso a "riscos emocionais". E recentemente me coloquei numa dessas situações que me deixam muito nervoso. Fiz de propósito, estou tentando mudar.

O fato é que, por conta desse risco que aceitei correr, conheci uma pessoa rara, dessas preciosas mesmo, doce, inteligente, criativa, ativa, querida, peralta. DIP for short.

Uma enorme recompensa, sem dúvida.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Microsenóide

Toda noite termina acompanhada de um sentimento estranho. Acho que é arrependimento por mais um dia desperdiçado. Toda manhã renovo a esperança de que algo mudará, repetindo um ciclo de expectativas e frustrações diárias.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Vida de filósofo

Exceto pelo fato "básico" de que nunca produzi nada no campo da Filosofia, acho que minha vida se assemelha à de alguns filósofos como Kant, Schopenhauer e Nietzsche.

Hoje, muito curiosamente, deparei-me com esse trecho num livrinho de bolso (Kant em 90 minutos, Paul Strathern), que parece ter sido escrito para que eu o lesse nesta data. Cito:

"É difícil saber o que dizer sobre a vida de Kant. Na prática, ele não viveu (fora da mente). Nada que possa despertar qualquer interesse lhe aconteceu. No entanto, a descrição de uma vida de extremo tédio não necessita ser, ela própria, maçante -- conforme foi demonstrado por seu contemporâneo Casanova e, mais recentemente, por Hemingway."

Será?

Balanço

Hoje completo 33 anos. Ainda não fiz nada realmente significativo pela minha vida, nem pela de outros. Como serão os próximos 33?