sábado, 21 de julho de 2007

Capitalismo e Democracia

Acabei de assistir a um documentário muito interessante, chamado "The Corporation". Ele começa mostrando como, há muitos anos, as empresas ganharam o status de "pessoas" para depois se tornarem as atuais "pessoas jurídicas".

Ao longo do filme são apresentadas inúmeras barbaridades cometidas por essas "pessoas" em nome do lucro e como seus comportamentos descrevem perfeitos psicopatas, segundo o DSM-IV (Manual de Diagnóstico das Perturbações Mentais da Associação Americana de Psiquiatria).

As corporações alcançaram um poder tão grande que mesmo os governos das maiores potências já não são páreos para elas. Elas distorcem as leis, manipulam os consumidores, exploram populações pobres e causam extensos danos ao planeta. Para quê? Para beneficiar um grupo altamente concentrado de acionistas.

Eu não entendo nada sobre sistemas econômicos, mas me arriscaria a dizer duas besteiras com base no que andei lendo ultimamente:

a) Vivemos numa era de extrema competitividade, com produtos evoluindo ultra-rapidamente, os quais consumimos sem necessidade, pois as campanhas de marketing nos fizeram esquecer o que nos torna verdadeiramente felizes e realizados, e assim geramos pressões sociais e desperdício de recursos naturais.

b) Procuramos sempre fazer o melhor negócio, pagando o mínimo possível por um determinado produto. Acredito que o ganho gerado num primeiro momento permite que aceitemos trabalhar por menos posteriormente, criando um ciclo de exploração que só prejudica a nós mesmos. Temos que pagar o preço justo pelo que consumimos e temos que fazer negócios com "pessoas jurídicas" que tenham valores outros que não só a pura realização de lucros.

O capitalismo é bom? Não sei. Talvez devêssemos perguntar à outra metade da população da Terra, aos 3 bilhões que são pobres. A democracia é boa? Sócrates dizia que a decisão da maioria não significava, necessariamente, uma decisão racional. Sabendo o que sabemos sobre o poder das campanhas de marketing, sobre o baixo nível de educação da população, sobre até mesmo a incapacidade dos governos diante das corporações, o que dizer da democracia hoje?

Gente como eu

Estou um pouco magoado e ansioso desde ontem. Percebo que meu amigo mais próximo tem uma postura desrespeitosa em relação a mim quando se trata de dinheiro. Mesquinharias, portanto a mágoa.

Talvez ele entenda algumas atitudes minhas como ingênuas ou perdulárias. Mas eu as considero justas ou éticas. E, sem dúvida, me considero generoso. Só não gosto que alguém, muito menos um amigo, me explore.

Pretendo conversar com ele e espero ser habilidoso o suficiente para exigir o merecido respeito sem, entretanto, destruir a relação que, imagino, seja importante para ambos. Mas sempre há um risco, daí a ansiedade.

Tenho dificuldade em achar gente como eu. Não porque eu seja muito diferente; acho que é porque não procuro mesmo.

Hoje, entretanto, fui a uma locadora de vídeos nova que abriu aqui no bairro e conheci um cara impressionantemente parecido comigo. Isso me confortou.

Sempre afirmei e reafirmei que valorizo meus amigos. Mas meus amigos também precisam me valorizar. Caso contrário, não somos amigos.

terça-feira, 17 de julho de 2007

TAM 3054

Não há Filosofia ou Psicologia, neste momento, que me impeça de sentir um ódio mortal deste ser incompetente, corrupto, ignorante, vagabundo, irresponsável, falso e todos os demais adjetivos que me faltam agora para descrever esse nosso infeliz presidente Lula e toda a corja que o cerca.

domingo, 15 de julho de 2007

Realidade

Costumo dar carona a um amigo que reclama quando agradeço com a mão a outro motorista que me faça uma gentileza no trânsito. Ao invés de gentileza, ele vê nos outros motoristas motivações diversas e menos nobres. Respondo que, onde ele talvez esteja vendo a realidade, eu prefiro enxergar elefantes cor-de-rosa.

Está na moda usar a física quântica e seus conceitos abstratos para explicar todo tipo de baboseira, mas há uma analogia que considero particularmente útil. No filme "Quem somos nós?" o personagem Dr. Quantum explica o experimento da fenda dupla que, em resumo, prova que a matéria assume um comportamento na presença de um observador e outro em sua ausência.

Seria fantástico se um dia descobríssemos que a realidade que nos cerca é moldada por nós, observadores do mundo. Mas é mais provável que isso só seja possível no mundo quântico. Neste outro, só podemos mudar a nós mesmos e a maneira como percebemos a realidade.

sábado, 14 de julho de 2007

A psicologia positiva e a felicidade

"Há muito tempo psicólogos estudam patologias do humor, como a depressão, mas nos últimos anos também começaram a explorar a natureza do que torna os humanos felizes. O campo da 'psicologia positiva' tem chegado a algumas conclusões surpreendentes. Há um conjunto cada vez maior de evidências de que a felicidade não pode ser alcançada com trabalho duro ou sorte. As pessoas mais felizes parecem ser aquelas comprometidas de forma integral com o tempo presente, em vez de focadas em objetivos futuros."

(Trecho do artigo "Você é Feliz?", por Michael Wiederman, publicado na revista Viver Mente&Cérebro, nr. 174, ano XIV)

PS: Interessante saber que a Psicologia está descobrindo nos últimos anos o que a Filosofia já sabia 600 anos antes de Cristo.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Epicuro e a felicidade

Tenho vivido dias de rara tranqüilidade. Prova maior disso é que há quase duas semanas que não escrevo nada aqui. Entretanto, meu registro não estaria completo se não incluísse os bons momentos e os pensamentos que têm me acompanhado ultimamente, portanto apresentarei os fatos brevemente e farei a devida amarração no final.

No fim de semana retrasado fui a um churrasco de aniversário de uma amiga que tenho há uns 15 anos. Cheguei muito depois do horário marcado, pois tive que trabalhar naquele sábado, mas felizmente sua família, namorado e alguns amigos ainda estavam lá. No ano anterior eu havia faltado à comemoração e não queria de maneira nenhuma perder a festa deste ano, pois entendo que é primordial demonstrarmos todo nosso apreço por nossos amigos.

Na semana seguinte fui a uma festa de premiação de mídia promovida por um grande jornal. Fui convidado por um amigo com quem trabalho, em cima da hora. Saí da empresa e fui direto para o local do evento, motivado pelo pensamento de que são esses momentos que dão alguma cor à vida. Comi, bebi, ri, dancei, adorei.

No dia seguinte tive uma dura negociação com um cliente. O resultado (ainda) não foi bom para a empresa, mas percebi que meu desempenho foi excelente, o que fortaleceu meu sentimento de competência profissional, que andou meio esquecido em meio às demais questões existenciais que tenho enfrentado.

No último fim de semana viajei para o interior, para a casa de meus pais. Brinquei com meus sobrinhos, passeei com nossa cachorra, fiz churrasco e descansei. Voltei para cá sob o sol da manhã, ao som de Moby, numa outra viagem, mas agora ao interior de mim. Acho que há mais para se dizer sobre um olhar que troco com meu pai do que sobre o que fiz em duas semanas de minha vida. Mas isso ficará para outro post.

Finalmente, ontem saí com amigos do trabalho. Foi uma noite maravilhosa porque houve uma troca afetiva muito rara para mim ultimamente. Coincidentemente, aconteceu na mesma noite em que tive uma ótima sessão a respeito desse mesmíssimo tema com minha terapeuta. Será que os ventos irão mudar?

A Filosofia tem me ensinado muito. Epicuro dizia que a felicidade advém de três coisas: amigos, liberdade e reflexão sobre a própria vida. Se estou tranqüilo e feliz agora, talvez seja mesmo porque tenha amigos, me sinta competente profissionalmente (e portanto livre para trabalhar onde quiser) e dedique um tempo toda semana para refletir sobre a vida.

domingo, 1 de julho de 2007

Clima

Gosto quando chove. Ver a chuva cair, de dentro do carro ou de casa, me dá uma sensação de aconchego e proteção.

Sinto o mesmo quando faz muito frio. Nesses dias é gostoso tomar sopa na caneca ou então por à prova a proteção de um casaco.

Também gosto de sair para trabalhar pela manhã e encontrar o dia ensolarado. Tudo fica mais bonito, alegre.

Mas onde buscar o aconchego, a proteção e a alegria se não há chuva, frio ou sol? Há anos tenho procurado a resposta no estômago, mas acho que ela está no coração.