sábado, 16 de junho de 2012

A vida como ela é

Da viagem que fiz à Espanha no mês passado, acho que a memória mais marcante que guardarei é a de uma tourada que assisti em Madri. Não pela previsível brutalidade do evento, que a esta altura da vida já não me causa comoção, mas pela reação do público a um episódio particular.

Iniciava-se a terceira "corrida" do dia, como eles chamam por lá, sendo que dois toureiros e dois touros já haviam se apresentado na arena lotada. Mas o touro que entrava agora era maior e muito mais bravo do que os anteriores.

Este touro parecia incansável, cravando os chifres nas tábuas de proteção por detrás das quais alguns se escondiam e sempre batendo uma das patas no chão enquanto mugia enfurecidamente. Mesmo sendo espetado e provocado de formas variadas, como dita a tradição, isso só parecia enfurecê-lo mais. E, apesar de todo o esforço, seu destino estava selado.

Então presenciei algo que não havia ocorrido nas apresentações anteriores e que me deixou bastante comovido: já morto, enquanto era arrastado em torno da arena pelos cavalos que o levariam para fora, este bravo foi sonoramente aplaudido por toda a platéia em pé.