sábado, 12 de janeiro de 2008

Compulsão por balas

Levei um pacote de balas para o trabalho. Estávamos em três na sala, incluindo um técnico recém-contratado, que mudou-se de outro estado por conta do novo emprego. Ele abriu o pacote e consumiu tudo em pouco tempo, enquanto repetia: "não consigo parar de comer". Achei-o egoísta e folgado, afinal as balas eram para todos.

Nesse mesmo dia, na hora do almoço, um quarto colega que viajava para a cidade onde estávamos ligou e perguntou se alguém queria que ele levasse sanduíches. O novo funcionário recusou, dizendo que estava sem dinheiro. Eu disse que, se ele quisesse, poderia emprestar-lhe. Nada feito.

Naquela tarde eu ainda estava incomodado com a questão das balas. Enquanto caminhava, reflexivo, entre dois prédios, ocorreu-me que aquele comportamento poderia ter outra causa.

Ao retornar para a sala, perguntei-lhe se já estava bem instalado, se precisava de alguma coisa e se tinha dinheiro. Ele respondeu que estava bem, que não precisava de nada e que tinha R$ 50 para se virar até o fim do mês, suficientes segundo ele, pois estava fazendo as refeições na empresa, gratuitamente. Ainda faltavam 20 dias para o fim do mês.

Como na empresa só fornecem almoços, deduzi que ela estava fazendo apenas uma refeição ao dia. O que achei ser egoísmo era, na verdade, muita fome.