domingo, 29 de julho de 2012

A vida é um conto

Após 10 longos anos juntos, comuniquei minha terapeuta de minha intenção de encerrar o tratamento. Há cerca de um ano e meio entrei num processo gradativo de descrença que culminou nessa decisão.

Pergunte a qualquer pessoa o que ela deseja na vida e a resposta provavelmente será "ser feliz". Para mim, ser feliz era aprender a amar. E foi um coração partido que me conduziu à terapia.

Uma década depois, a conclusão a que chego, com base em minha própria experiência e no conhecimento de filósofos e sociólogos renomados, é que estive perseguindo uma ilusão.

Zygmunt Bauman afirma em Amor Líquido que "a promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a 'experiência amorosa' à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço".

Em A Arte da Vida, Baumam sugere que façamos uma pausa em nossa busca pela felicidade, que "temos em mente a maior parte do tempo, preenche a maior parte de nossas vidas, [mas] não pode nem vai abrandar a marcha, muito menos parar... pelo menos não por mais que um instante (fugaz, sempre fugaz)".

Enfim, como sintetiza Luiz Felipe Pondé em Contra um Mundo Melhor, citando Macbeth de William Shakespeare: "A vida é um conto narrado por um idiota significando nada".

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