quinta-feira, 26 de abril de 2007

Quanto custa ter valores?

"Confesso que, quando tenho que condenar princípios, cedo demais perco a noção de como se apresentam em um indivíduo particular -- neste caso, em você -- e de que estou apto a considerá-los com excessiva seriedade porque vejo neles seu sentido e suas conseqüências universais, nos quais você não pensa -- e que, na realidade, para você não estão de forma alguma neles."

O trecho acima é de uma carta de Hegel a Marie von Tucher. Ele, um filósofo solteirão de 40 anos, se apaixonara por Marie (18) e tentava se retratar de sua inabilidade no trato com ela durante os encontros que mantinham.

Há alguns dias fui repreendido por meu irmão por ter opiniões sérias demais a respeito de determinados temas. No caso, eu defendia que manifestações de racismo, mesmo disfarçadas como brincadeiras, eram simplesmente inaceitáveis e que não podíamos nos omitir diante dessas demonstrações de ignorância, pois a omissão seria equivalente à aprovação. Ele disse que minha postura rígida encurtaria minhas possibilidades de relacionamento social.

Eu não quero ficar como Hegel. Mas meus valores me definem, são minha identidade. Quando me posiciono contra um comportamento que julgo inaceitável, acredito estar contribuindo para uma sociedade melhor. Assim, sigo procurando e selecionando relacionamentos que estejam alinhados com os meus valores.

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