quarta-feira, 30 de maio de 2007

Estupidez aguda

Acho que tive um momento de estupidez aguda ao escrever o texto anterior. Novamente, somos interdependentes e devemos trabalhar colaborativamente pelo bem comum.

Assim, embora devamos buscar a felicidade enquanto indivíduos, não podemos fazê-lo causando dano aos demais, sob pena de destruir a sociedade e tornar a vida muito mais difícil para todos.

Temos o dever de impedir abusos.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Paradoxo

Em minha visão estreita e particular, parece-me que o objetivo da vida é que cada um a usufrua da melhor maneira possível. Se neste curto período se puder contribuir de alguma forma para o progresso da sociedade, melhor ainda.

Como identificou Maslow, nossas necessidades se estruturam de forma mais ou menos hierárquica e, conforme vamos suprindo algumas, outras vão surgindo: necessidades fisiológicas, de segurança, afeição (belongingness and love), estima e auto-realização.

A questão que me intriga é: até que ponto estão errados os indivíduos totalmente anti-éticos, se o resultado de suas ações estiver lhes suprindo as necessidades?

Veja o caso de políticos corruptos: roubam (e asseguram suas necessidades básicas), pertencem a partidos e grupos (belongingness), são publicamente reconhecidos (estima) e, como efeito colateral de seu "trabalho", chegam ao fim da vida com um sentimento de auto-realização por obras executadas no percurso.

Esse tipo de pessoa é danoso à sociedade. Causa sofrimento, violência, morte. Mas, sob seu ponto de vista, a vida teria sido usufruída da melhor maneira e praticamente todas as suas necessidades teriam sido supridas.

Então, por que não?

sábado, 26 de maio de 2007

Gênio

"Não basta saber, precisamos aplicar. Não basta estar disposto, precisamos fazer."

"Assim como o dia bem empregado traz o bom sono, também uma vida bem empregada traz uma boa morte."

-- Leonardo da Vinci

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Impotência

Acabei de chegar do supermercado. Estou me sentindo minúsculo, covarde, impotente. Primeiro, os fatos, depois, as ponderações.

Comprei pouca coisa. Ao aproximar-me do caixa cedi a vez para uma senhora que chegou quase ao mesmo tempo que eu. A senhora demonstrou à moça do caixa preocupação quanto ao valor de sua compra, perguntando em voz baixa se R$ 10 seriam suficientes para pagá-la. Não obteve resposta, mas o valor veio logo em seguida: R$ 8,50. Pagou com um vale-alimentação de R$ 10, mas havia algum problema para receber o troco e ela ficou ali ao lado aguardando.

A moça do caixa começou então a passar a minha compra, como se ninguém estivesse esperando nada. Eu disse que ela poderia parar, resolver a questão do troco e depois retomar a minha compra. Ela me ignorou e respondeu diretamente para a senhora que iria "só terminar a compra deste senhor e já resolveria a questão dela". Senti-me estúpido por não ter sido mais enfático.

Perguntei como ficaria a questão do troco da senhora e, em resposta ao meu questionamento, a moça procurou a gerente, que sem nos dar a menor bola, respondeu qualquer coisa que nenhum de nós entendeu. Saí do supermercado pasmo, caminhei até o carro, deixei a sacola e voltei para verificar se a senhora tinha sido finalmente atendida.

Para minha surpresa ela continuava lá, paradinha, caladinha, no mesmo lugar, ao lado do caixa, aguardando seus escassos e necessários R$ 1,50, enquanto a imbecil do caixa passava a compra de outra pessoa! Perguntei se alguém já tinha resolvido o problema e ela acenou negativamente com a cabeça. A moça então disse que seria necessário adquirir mais produtos, até completar os R$ 10. Eu perguntei à senhora se ela achava isso aceitável (que pergunta cretina!). Sem responder ela caminhou até uma gôndola próxima, pegou um pacotinho de balas, passou pelo caixa e ainda teve que deixar mais R$ 1,08! Enquanto isso a moça do caixa me fazia uma pergunta reveladora: "ela está com você?"

Saí do supermercado arrasado. Olhei para o céu. Olhei para o chão. Não sabia o que fazer. Este é um lugar onde um cidadão humilde é pago por seu trabalho honesto com um papel que não lhe dá direito a troco, que o obriga a consumir mais do que deseja, em que seu semelhante o trata com desprezo e nem um tonto mais ou menos esclarecido como eu sabe o que fazer para defendê-lo ou restaurar-lhe a dignidade diante de situações absurdas como esta.

Como sou imaturo e impotente!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Children see, children do.

Até poucos anos atrás eu não me considerava um cidadão politizado. O escândalo do mensalão, entretanto, foi tão chocante que provocou mudanças em meu comportamento.

No auge da crise o que mais se comentava era a falta de ética, a evidente corrupção e a série de mentiras deslavadas acompanhadas pela TV por toda a nação.

Ocorre que, aqui no mundo dos comuns, eu observava que as pessoas à minha volta se indignavam, criticavam a classe política, mas não atinavam para o fato de que elas próprias careciam de uma revisão de valores.

Minha conclusão foi que o primeiro passo na transformação do mundo tem que começar por nós mesmos. Naquele dia, decidi transformar-me num cidadão exemplar.

Sei que posso não mudar o mundo, posso morrer sem ver nenhuma mudança, mas pelo menos quero ser um bom exemplo para as crianças. Children see, children do.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

A evolução da "tribo"

"Ao longo dos anos, Drayton passou a crer que a grande idéia de Gandhi foi reconhecer no início do século XX que um novo tipo de ética estava emergindo no mundo -- uma ética baseada não em regras mas em empatia. Era uma mudança necessária à medida que a sociedade humana ficava cada vez mais complexa. No passado, quando as pessoas viviam em comunidades homogêneas e raramente se mudavam para muito longe de seus lugares de origem, a ética baseada em regras era adequada para governar as relações humanas. Mas o mundo começava a ficar acelerado e interligado demais para a ética baseada em regras. Havia muitas interações nas quais as regras eram obsoletas e os sistemas de valores entravam em conflito. As novas circustâncias exigiam que as pessoas se tornassem mais independentes em sua orientação ética: as pessoas tinham de ser capazes de se colocar no lugar das outras ao seu redor. Aqueles que não fossem capazes de lidar com situações nas quais as regras estavam mudando ou que não conseguissem dominar as habilidades da compreensão empática também não seriam capazes de administrar seu comportamento de modo sábio e ético; cada vez mais, afirma Drayton, serão vistos como 'desgarrados' e marginalizados pela sociedade."

(Como Mudar o Mundo, David Bornstein, Editora Record)

sábado, 5 de maio de 2007

Semi-ciclos

Os últimos dias têm sido interessantes. Tenho trabalhado excessivamente, o que me dá uma sensação momentânea de "dever cumprido", embora eu não tenha, de fato, concretizado nada.

Também tenho ampliado e aprofundado alguns relacionamentos pessoais, o que considero uma grande conquista. Por outro lado não tenho tido tempo de ler e de pensar sobre as questões do mundo.

No fundo, acho que estou entrando num semi-ciclo positivo da senóide de minha vida e, ao que parece, a inspiração para tratar das questões sociais só aparece durante os semi-ciclos negativos.