terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Gentilezas

Eu estava voltando de um evento nos EUA e teria que fazer um voo de conexão entre duas cidades americanas. Deixei para arrumar tudo na última hora e por pouco não perdi o voo. Fui o penúltimo passageiro a entrar no avião e notei que os comissários estavam agitados por conta do atraso no embarque.

Uma senhora de idade, vestida apropriadamente para o início do século XX, estava no corredor com dificuldade para acomodar sua bagagem no avião lotado. Um comissário se aproximou e disse que estávamos atrasados e que ela deveria levar a bagagem para a frente, mas ela queria ficar próxima da mala para trabalhar em suas contas. "I have to work on my bills", ela repetia. Impaciente, o comissário foi cuidar de outros assuntos.

Tentei ajudá-la. Fizemos algumas tentativas sem sucesso até que alguém da equipe conseguiu ajeitar tudo. Alguns minutos depois, já em meu assento, recebi um bilhete do tal comissário impaciente: "Obrigado por me ajudar com a senhora. Se você quiser comer algo, será por conta da casa (grátis)".

Tenho por hábito fazer pequenas gentilezas sem esperar nenhum retorno por elas. Faço-as mais por mim do que pelos outros. Mas esse agradecimento inesperado mexeu comigo... Encostei a cabeça na janela fria do avião e, com o olhar perdido no horizonte, cheguei à triste conclusão de que não me sinto suficientemente amado.

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